Gente, eu fico cada vez mais inconformada com a quantidade de idiotices que leio por ai, refiro-me especialmente a internet. Tá, você provavelmente pensa o mesmo e, inclusive, pode até achar que esse aqui é mais um deles e eu te digo antes que avance por mais algumas linhas: é mesmo, por favor não se dê ao trabalho, fuja enquanto há tempo.
Não foi embora? Melhor ainda, mas saiba que essa é minha opinião sobre mais uma dessas discussões que engrandecem ~só que ao contrário~ a websfera.
Hoje, qualquer um pode criar um blog, emitir sua opinião, criar protestos onlines, ver pornografia, publicar pornografia, rir de piadas boas, ruins e péssimas. Essa é a essência da internet. Esse ainda é um território bastante livre, com regras que vão se formando aos poucos, algumas boas outras ruins. Mas, isso é natural em se tratando do crescimento de uma sociedade - porque é assim que vejo a internet hoje, uma sociedade em formação.
Acontece que hoje vi algo que me deixou extremamente incomodada. Um blog feito por um macho em busca de fêmeas para reproduzir publicou um vídeo bem dos inconvenientes no qual um namorado quer experimentar fazer sexo anal com sua namorada ( o post é lá do começo do ano). Ela não permite e a solução prática encontrada é: dar uma tijolada na cabeça da fêmea, deixa-lá desacordada e fazer o 'serviço'. Engraçado, né? Aliás, cômico! Como é que nenhum gênio do humor não fez isso antes? Como o Zorra Total não pensou em algo assim antes de colocar duas mulheres sendo abusadas dentro de um metrô?
Pena que eu me sinta absolutamente estranha por não ter rido com a piada, e mais, por ter me sentido ultrajada ao ver o vídeo. E quando um grupo de mulheres e homens tentaram mostrar para o digníssimo senhor que publicou o vídeo que aquilo se tratava de algo bastante degradante a resposta foi tão cômica quanto o vídeo! Foi algo como: ah, essas feministas sem senso de humor! Risos eternos daquilo que se tornou o maior lugar comum dos últimos anos.
E, mais, mulheres, em defesa da tijolada na cabeça, desculpe, da ousadia do humor, passaram a enviar cartazes do tipo 'sou mulher, acesso o blog e tenho senso de humor'. Porque, realmente, quem é que não acha uma penetração anal forçada uma excelente piada??? Ah, essas feministas que acham problema em tudo! Eu não vejo problema algum em rir do vídeo, é apenas uma piada! Um homem passou a mão na sua bunda dentro do ônibus? Brincadeira! O outro encostou no teu seio na fila? Ria!
Porque a falta de um bom argumento é quase sempre expressa por duas vias: Riso exagerado ou violência exagerada. Eu sou mulher, tenho senso de humor, não vejo problema algum em um blog que estimule a sexualidade das pessoas, mas acho que em um mundo que ainda luta contra os crimes sexuais esse tipo de publicação é apenas burra e acomodada e reitera o real pensamento de muito homens.
Foca procura
terça-feira, 28 de agosto de 2012
segunda-feira, 16 de julho de 2012
Aquela velha história
Minha bisavó se casou aos 14 anos, teve
três filhas e um filho; minha avó se casou aos 30 anos teve cinco filhas e um
filho. Minha mãe se casou – informalmente- aos 41 anos eu já tinha 19 anos. A
sociedade evolui, as pessoas criam consciência do tempo em que vivem, é tudo
absolutamente mutável – ainda bem!
Hoje, uma revista voltada ao público
feminino pode falar sobre sexo, dar dicas de vibradores, ensinar o kama sutra; este
blog pode escrever a palavra ‘masturbar’ sem medo de pequenas repressões sociais;
minha mãe pode ler isso sem ter vergonha do burburinho por entre a vizinhança.
Mulheres, vindas ou não da costela de Adão,
tem (quase) tanta liberdade quanto os homens. Estes, por sua vez, não precisam
nos impressionar mais. E, acho, que isso é um ganho para ambos os lados!
Imagine a pressão social pela qual um homem passava nos anos 50. Meu avô quase
não pode se casar com minha avó por ser nordestino-baiano-barbeiro. Qual futuro
haveria de dar à sua prole?
Mas os tempos são outros. O que me espanta
é que mesmo assim hoje eu ainda me deparo com o conteúdo absolutamente ultrajante
de certas revistas femininas. Neste final de semana li uma publicação voltada a
mulheres entre 18 e 25 anos e senti que a mensagem final da publicação era: “Mulher:
Seja linda, ousada, inteligente – mas, não tanto -, prendada e sexualmente
ativa, assim os homens não resistirão!”.
Homens e mulheres, quem nunca acordou e
teve vontade de colocar sua melhor roupa, ‘ajeitar o cabelinho’, andar pelas
ruas e receber elogios? Ou então, quem nunca procurou fazer algo sozinho, seja
uma massa ou um texto para um blog, e ficou feliz ao notar que foi um sucesso?
Nossas conquistas devem ser grandiosas para
que nós mesmos possamos desfrutá-las. E acho que algumas dessas revistas
femininas acabam distorcendo a realidade, ou camuflando-a em um lindo filtro
sépia.
Há pouco, vi um blog novo: uma menina linda
de 22 anos escrevendo um texto absolutamente destrutivo. Nesse microblog, ela
vai contar quais suas frustações por estar ‘gorda’ e, pelo que entendi, vai
narrar uma nova vida, sua ressurreição como uma pessoa magra.
Ora pois, neste exato momento me vejo
boquiaberta em frente ao computador perguntando a mim mesma ‘Ela não tem a
menor ideia de como é bonita e de como escreve bem, como eu gostaria de ser sua
amiga, te dar um abraço e dizer o velho discurso da real beleza’. Mas, tornando
à consciência, vejo que além de não ter qualquer intimidade para isso, nada
vindo de mim ou até mesmo de um amigo poderia mudar a percepção dela sobre seu
corpo. Não posso afirmar que isto é culpa das tais revistas, mas essas
publicações também não fazem o papel contrário, se apresentam como cúmplices
das mulheres, mas pouco passam de guias de bons costumes.
Lembro-me de quando tinha 13 anos e lia o
que me parecia ser o ideal-inatingível, os vestidos lindos de festa,
tratamentos caríssimos para os cabelos, produtos que prometiam acabar com
aquelas espinhar horríveis, mas que apenas deixavam minha pele mais estranha e
avermelhada. Eu tinha apenas 13 anos e já era bombardeada de desejos que sequer
eram os meus. No auge dos meus 47 quilos me achava rechonchuda e indigna de
dirigir qualquer palavra aos meninos da minha sala.
Ressalto que não culpo essas revistas por
minha insegurança. Mas, hoje, um pouco mais esclarecida, vejo que parte de
minhas vergonhas por ser tão distante do padrão vieram de quem escolhia esses
padrões. Faço a mea culpa como parte disso, escolhi a profissão que mais
admiro, mas também a que mais condeno. Adoraria fazer parte de uma possível
evolução de certos canais de comunicação, desde que assim eu pudesse abrir uma
dessas revistas e sentir que algo está sendo feito.
--
Welcome to your life/ There's no turning back
Even while sleep/ We will find you
Acting on your best behaviour/Turn your back on mother nature
Everybody wants to rule the world
--
Welcome to your life/ There's no turning back
Even while sleep/ We will find you
Acting on your best behaviour/Turn your back on mother nature
Everybody wants to rule the world
quarta-feira, 4 de julho de 2012
Mais de futebol
Quarta-feira, final da Copa Libertadores da
América, dois dos grandes times se enfrentam: Boca e Corinthians em um jogo
histórico. E você, com todo o tédio do mundo, me responde: eu sequer gosto de
futebol, não aguento mais os debates desnecessários sobre isso, desde quando as
pessoas deixaram de se importar com a possível cassação de Demóstenes para
articular artigos infinitos sobre o último gol do Romarinho?!
Pois bem, eu nunca cultivei qualquer tipo de
sentimento pelo futebol, sou palmeirense de família, sempre gostei mais da cor verde
do que a rosa, mas não acho que isso tenha relação com meu time. Fui entender o
amor incondicional ao time há meses, quando vi aquele homem barbudo, de quase
1,90m, vestido de preto e branco chorando como uma criança ao ver o Corinthians
ser campeão do Brasil. Ele se juntou a milhões, abraçou inimigos, cantou pelas
ruas, ligou para os irmãos, abraçou a namorada e viu o coração bater forte em
um ritmo que nunca pode explicar.
Não teria palavras para descrever a emoção,
sentiu-se poeta ao narrar seu amor ao time, como os autores que já tentaram
descrever o sentimento que invade o peito dos amantes no primeiro beijo e que
derrama lágrimas dos olhos das mães ao ver orgulhosa seu filho prosperar. É
assim que alguns enxergam o futebol. E os outros que julgam loucos os torcedores
pouco sabem de amor, se soubessem aplaudiriam cada passo dado pelos jogadores
em sincronia com o canto da torcida.
Eu, que nada sei sobre futebol, mas entendo um
pouco mais do amor anseio por cada novo comentário que surge sobre o tão
esperado jogo, de nada me importa a escalação feita por Tite ou se Riquelme
estará em sua melhor forma, quero mesmo que cada um dos torcedores mostre o
mais íntimo de si ao primeiro grito de gol, quero ver as acaloradas discussões
sobre a existência ou não dos ‘antis’, quero afirmar que apesar de muitos
erros, o futebol também é feito de acerto, porque é composto por pessoas
apaixonadas e que estas são maioria, não devem ser confundidas com aquelas que
vão as ruas apenas para criar atrito ou levam os punhos fechados para atacar
qualquer um que se oponha ao seu time.
E, mesmo não torcendo por nenhum dos que
jogam hoje, espero só o melhor do futebol. Que mexa com os nossos ânimos, que
tire o sono de milhões, mas que dê significado a vida de muitos!
terça-feira, 19 de junho de 2012
aos meus bons amigos
Ela te apoia, te suporta, te reprime. Por vezes pode ficar
balançada, mas logo sara e volta do ponto de partida. Ela faz você sentir
vergonha por ter parado de postar no blog, faz você voltar atrás e pedir
desculpas a quem ofendeu. Quando nos esquecemos, ela nos faz lembrar. Ela faz a empatia ser algo rotineiro, faz o amor ser permanente,
acolhe a alma, traz de volta as lembranças. Segura em nossa mão e nos dá vida.
Ela não é uma só, são várias em uma. Ela está presente naquele
e-mail dolorido de despedida, nas longas conversas com o namorado, nos vídeos
engraçados, nas reflexões mais profundas sobre a vida, na conversa de fim de tarde com a família... é onipresente. Ela que
não se define como um sentimento ou simples adjetivo me faz sorrir quando as
coisas deram erradas.
Ela deixa saudade, mas também deixa o bar sempre mais
gostoso. Ela faz as redes sociais serem mais interessantes do que realmente
são. Ela traz responsabilidades e te faz crescer, mesmo quando as conversas são
das mais infantis. Ela te atende no meio de uma briga. Ela causa um ciumezinho
bobo de vez em quando.
Ela faz tudo isso por mim, tudo isso por todos que entendem
sua dimensão. Ela não tem gênero, idade ou justificativas, quando aparece sabemos
que chegou e, para mim, se chega é pra ficar.
--
Ela é essencial.
domingo, 13 de maio de 2012
Mama África
Eu não sou poetisa. Já fingi pra mim mesma que poderia escrever alguns versos e que as pessoas ficariam emocionadas e, então, alguém publicaria um livro com minhas melhores poesias: Lira dos meus devaneios. Os críticos diriam: "Edgar Alan Poe nunca foi tão profundo quanto essa jovem escritora...". Mas, sou jornalista, dessas bem reais que prefere resgatar as memórias escondidas e, sem qualquer enfeite ou metáfora, colocá-las no papel.
Hoje, dia das mães, pensei em escrever algo que emocionasse, que fizesse a dona Jane voltar infinitas vezes no blog e pensar que a ausência de um presente teria sido compensada em um belo texto sobre o quão grata eu sou por tê-la como mãe. Bem, ela sabe disso. O amor que sinto por ela não espera o segundo domingo do mês de maio para ser exposto. Ele é diário. Amo-a todo santo dia, até em nossas brigas quando penso em sair de casa faço isso com a dor de quem ama.
Minha mãe me teve aos 23 anos de idade, mãe solteira, mantinha uma casa e uma família. Mama África, como a canção de Chico Cesar dizia. Sem muito dinheiro trabalhava aos finais de semana, fazia bicos, organizava as finanças, educava a mim e a minha tia-irmã (coisas dos Donegatis), pegava o carro emprestado pra fazer a compra do mês, se enforcava pra dar um presente no aniversário.
Dona Jane é mãe-pai-amiga. Seu olhar persuade, desfalca, aconchega. Suas ideias fascinam, embriagam e irritam. Porque nada que é real é só bom ou ruim - embora, quase sempre eu note apenas suas partes boas, deixando de lado os defeitos. E o que mais amo em minha mãe é que ela é real, não passa a mão na minha cabeça quando erro, não deixa de falar o que pensa porque aquilo pode me irritar, se achar que engordei vai me dizer, se ler esse texto e discordar de algo irá falar comigo.
Porque é assim que as coisas funcionam com a Mama África, ela pode estar com dor de cabeça e mal estar (de fato está), mas se achar que pode ajudar em algo não hesitará :)
Hoje, dia das mães, pensei em escrever algo que emocionasse, que fizesse a dona Jane voltar infinitas vezes no blog e pensar que a ausência de um presente teria sido compensada em um belo texto sobre o quão grata eu sou por tê-la como mãe. Bem, ela sabe disso. O amor que sinto por ela não espera o segundo domingo do mês de maio para ser exposto. Ele é diário. Amo-a todo santo dia, até em nossas brigas quando penso em sair de casa faço isso com a dor de quem ama.
Minha mãe me teve aos 23 anos de idade, mãe solteira, mantinha uma casa e uma família. Mama África, como a canção de Chico Cesar dizia. Sem muito dinheiro trabalhava aos finais de semana, fazia bicos, organizava as finanças, educava a mim e a minha tia-irmã (coisas dos Donegatis), pegava o carro emprestado pra fazer a compra do mês, se enforcava pra dar um presente no aniversário.
Dona Jane é mãe-pai-amiga. Seu olhar persuade, desfalca, aconchega. Suas ideias fascinam, embriagam e irritam. Porque nada que é real é só bom ou ruim - embora, quase sempre eu note apenas suas partes boas, deixando de lado os defeitos. E o que mais amo em minha mãe é que ela é real, não passa a mão na minha cabeça quando erro, não deixa de falar o que pensa porque aquilo pode me irritar, se achar que engordei vai me dizer, se ler esse texto e discordar de algo irá falar comigo.
Porque é assim que as coisas funcionam com a Mama África, ela pode estar com dor de cabeça e mal estar (de fato está), mas se achar que pode ajudar em algo não hesitará :)
sexta-feira, 27 de abril de 2012
O incrível mundo de Ari
Plantão no feriado, dor de cabeça, espinha no rosto, código florestal,
fechamento de relatório, nova cpi, contas... essa dor de cabeça que não passa
nunca; Ir pra academia, salvar a Amazônia, erradicar a fome, ‘merda, será que
já taparam o buraco da camada de Ozônio?’.
No sábado dá tempo de dormir e fazer algumas dessas coisas,
mas não corto o cabelo há meses e tem minha sobrancelha que... Gente, o e-mail
do cliente! Quem inventa de lançar campanha na sexta-feira véspera de feriado? Caros,
conforme dissemos há pouco, esse usuário não tem grande repercussão no Twitter,
portanto... Esqueci que tinha combinado de rever um arquivo antes das 17h, será
que dá tempo?
Alô. Sim, sou eu. Pois é Carlos, como eu disse nos e-mails
vocês podem ficar tranquilos porque, apesar de a campanha ter sido lançada no
fim da sexta-feira, vamos conseguir uma boa mobilização. Será que usei a palavra
certa? Ele é formado em que? Não vai vir com papo de que é publicitário e Zzzz...
Claro que estou de acordo, Carlos! Segunda-feira, assim que chegar vejo isso
para vocês. Não, não dá pra antecipar pro domingo, mas fica tranquilo. Filho da
mãe, me colocou na espera!! Lê, você acredita que o cliente quer uma análise
pra domingo? Oi, Carlos, sim segunda nos falamos, abraço.
Preciso de uma playlist nova. Cadê o grampo que estava no
meu cabelo? A dor de cabeça só pode ser muscular, vou me alongar no banheiro.
Ai, esqueci de fazer xixi! Vou segurar até ir embora, assim num gasto muito
tempo. Lê, amor.. será que hoje podemos jantar em um lugar bem gostoso? Sim, eu
ia fazer dieta, mas como matriculei na academia acho que posso não fazer, né?
Nova mensagem: aprovação de análise. Ah, a última do dia!
Agora vou só dar uma olhadinha no Facebook e já...Quem é essa broaca que
comentou mais de uma vez no perfil do Lê? Amiga, olha o perfil dessazinha,
posso com isso? “200 operários ameaçam cometer suicídio na Foxconn”; Como pode
colocar o trabalho acima da vida? Nova mensagem: escala feriado. Ok, já sabia.
Merda, o meu chefe vai me matar...onde coloquei aquele e-mail com os números...
‘Ariane, a entrega vai atrasar?’. Respiração tântrica. Foco na sexta-feira, foco
no concerto da camada de Ozônio.
--
Cenas meramente ilustrativas, claro que eu não perdi o e-mail ou atrasei o relatório.....
quarta-feira, 25 de abril de 2012
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