domingo, 13 de maio de 2012

Mama África

Eu não sou poetisa. Já fingi pra mim mesma que poderia escrever alguns versos e que as pessoas ficariam emocionadas e, então, alguém publicaria um livro com minhas melhores poesias: Lira dos meus devaneios. Os críticos diriam: "Edgar Alan Poe nunca foi tão profundo quanto essa jovem escritora...". Mas, sou jornalista, dessas bem reais que prefere resgatar as memórias escondidas e, sem qualquer enfeite ou metáfora, colocá-las no papel.

Hoje, dia das mães, pensei em escrever algo que emocionasse, que fizesse a dona Jane voltar infinitas vezes no blog e pensar que a ausência de um presente teria sido compensada em um belo texto sobre o quão grata eu sou por tê-la como mãe. Bem, ela sabe disso. O amor que sinto por ela não espera o segundo domingo do mês de maio para ser exposto. Ele é diário. Amo-a todo santo dia, até em nossas brigas quando penso em sair de casa faço isso com a dor de quem ama.

Minha mãe me teve aos 23 anos de idade, mãe solteira, mantinha uma casa e uma família. Mama África, como a canção de Chico Cesar dizia. Sem muito dinheiro trabalhava aos finais de semana, fazia bicos, organizava as finanças, educava a mim e a minha tia-irmã (coisas dos Donegatis), pegava o carro emprestado pra fazer a compra do mês, se enforcava pra dar um presente no aniversário.

Dona Jane é mãe-pai-amiga. Seu olhar persuade, desfalca, aconchega. Suas ideias fascinam, embriagam e irritam. Porque nada que é real é só bom ou ruim - embora, quase sempre eu note apenas suas partes boas, deixando de lado os defeitos. E o que mais amo em minha mãe é que ela é real, não passa a mão na minha cabeça quando erro, não deixa de falar o que pensa porque aquilo pode me irritar, se achar que engordei vai me dizer, se ler esse texto e discordar de algo irá falar comigo.

Porque é assim que as coisas funcionam com a Mama África, ela pode estar com dor de cabeça e mal estar (de fato está), mas se achar que pode ajudar em algo não hesitará :)