segunda-feira, 16 de abril de 2012

Direto e reto

Meu primeiro trabalho em comunicação foi com o jornalista Otávio Rodrigues. Juntos, escrevemos três edições de uma revista de comunicação interna de uma empresa de planos de saúde. Ele me foi um mestre. Deu puxões de orelha em textos perdidos, mas também elogiou quando via algo bom. Eu, confesso, me irritava. Mas, aprendi algo que até então não sabia: receber uma crítica de forma positiva.


Adianto a explicação aos seres evoluídos que me julgaram imatura e mimada ao dizer que aos 19 anos ainda não sabia receber uma crítica. Não é tarefa fácil ter seu ego ferido. Alguns não suportam quando alguém lhes diz algo sobre a aparência, outros sobre sua virilidade. Já eu me firo com críticas à minha capacidade intelectual e aos meus valores. 


Aos poucos notei que aquelas críticas eram constatações reais sobre meus defeitos como profissional. E, se quisesse crescer, teria de aceitá-las e corrigi-las. Hoje, não digo que sou aquele ser evoluído citado anteriormente. Mas, meu texto por certo não é mais o mesmo.


Em minha busca por novos rumos tornei a procurar Otávio. Mandei um e-mail pedindo ajuda para freelas, mas nada pode ser recebido sem um questionamento e ele logo me perguntou qual minha agenda, disponibilidade, propósitos, em suas palavras "Me escreva uns dois parágrafos, se isso não for estragar suas unhas". Suei frio ao ler tantas perguntas em meio a um simples pedido de ajuda. 


Rascunhei uma resposta, apaguei, mais esboços... e, da forma mais sincera, a resposta veio na ponta da língua.


"Quero que meu trabalho seja parte complementar da minha vida, ganhar dinheiro e perder qualidade de vida não é minha praia. Eu amaria deformar opiniões! Escrever sobre novidades e sobre coisas corriqueiras, mas de uma forma diferente. Quero escrever pra cativar, pra fazer as pessoas pensarem. Quero dar minha opinião, mas receber muitas outras em troca.


E quem me dera se minhas barreiras fossem as unhas. rsrs Minha vaidade é muito mais intelectual do que física. E, se não escrevo mais de dois parágrafos saiba que não é porque me faltam ideias, estas são tantas que mal consigo organizar. Daí, as condenso em poucas linhas, o texto fica murcho e sem personalidade - sem um gran finale".


Em dois minutos, a resposta: " Você acaba de escrever um de seu melhores textos, posso assegurar. Love it...    ;)  ".


Sorri. Porque achei que tivesse perdido a mão para um texto digno do selo Otávio Rodrigues de aprovação. E isso me provou que não. Por isso, a busca continua! Foca continua procurando, só que agora com uma ponta de orgulho a mais.

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